14.5.11

Huberto Rohden - Que é Deus?

Huberto Rohden




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  A Voz do Silêncio
  Huberto Rohden

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QUE É DEUS?

Perguntei às ondas do mar: Que é Deus?
E elas me disseram: Deus é o mar, e nós somos filhas dele.
Perguntei às sete cores do arco-íris: Que é Deus?
E as cores responderam: Deus é a luz incolor, e nós somos reflexos dela.
Perguntei a todos os ruídos do Universo: Que é Deus?
E eles clamaram: Deus é o grande Silêncio, que nos gerou.
Perguntei a todos os seres vivos da terra, às plantas, aos insetos, às aves, aos peixes, aos animais: Que é Deus?
E eles bradaram: Deus é a Vida, e nós somos os vivos que dela emanaram.
Indaguei a todas as plenitudes do Cosmos : Que é Deus?
E as plenitudes do Cosmos cantaram: Deus é a eterna Essência que nos deu Existência.
Perguntei a todos os seres conscientes do mundo: Que é Deus?
E todos concordaram: Deus é o Oniconsciente que nos deu consciência.

***

E depois que todas as creaturas responderam às minhas perguntas, exclamei estupefacto: Como é que o Uno produz o Verso?
E elas, em coro uníssono, replicaram: O UNO é a alma, e o VERSO é o corpo do Universo - nós somos a Família Univérsica.
Ante esta mensagem do Universo, fiz calar todos os ruídos analíticos da mente e mergulhei no grande silêncio da intuição espiritual.

E a Voz do Silêncio me falou -
E eu compreendi a Voz do Silêncio.


Huberto Rodhen

Do Livro A Voz do Silêncio
Editora Alvorada





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O DEUS PARADOXAL

Quem és tu, meu Deus?
Todos falam de ti - 
E quase ninguém te conhece...
Desde os tempos remotos de Atenas 
Até à Era Atômica,
Continuas envolto no véu impenetrável
Do ''Deus Desconhecido''...
Quem és tu, ó eterno Anônimo de mil nomes?
És o Uno - ou múltiplo?
És Brahman - ou Maya?
És Nirvana - ou Sansara?
A eterna Essência - ou as efêmeras Existências?
A Causa  Transcendente a tudo -
Ou os Efeitos Imanentes em tudo?
És tu a Divindade incolor, anônima, amorfa -
Ou esses mundos multicores, de mil nomes e formas?
És o grande Ser - ou esses pequenos Existires?
Se és o eterno Ser da Verdade - por que nos iludes
Com estas inverdades das aparências?
Tu és o Nada do Vácuo - ou o Todo da Plenitude?


   *
*    *

Anos e decênios dolorosos
Tenho lutado com esses paradoxos...
Hoje, porém, não és para mim
Nem Brahman nem Maya,
Nem Nirvana nem Samsara,
Nem o transcendente a tudo
Nem o imanente em tudo...
Nem a Causa longínqua nem os Efeitos propínquos...
Hoje, tu és para mim simplesmente
O Universo,
A Realidade Univérsica,
O Uno em tua Essência
E o Verso em tuas Existências,
A Divindade causante e o mundo causado,
A Síntese do Todo revelado nas Antíteses dos Algos -
És a Grande Tese Cósmica,
O Ser e o Existir,
O Uno e o Múltiplo...
O meu conhecer humano , é verdade, só te apreende
Como o Existir, o Efeito, o Finito,
Mas, em teu ser divino, tu és
A Essência, a Causa, o Infinito...
Porque ''o conhecido está no cognoscente
Segundo a capacidade do cognoscente''...
E, sendo finita a minha faculdade cognoscente,
Concebo finitamente o Infinito...
Para mim, a tua infinita Transcendência se revela
Como infinita Imanência em teus mundos..
Não te conheço assim como és,
Conheço-te apenas assim como eu sou...
A pequenez do meu humano conhecer
É a bitola da grandeza do teu divino Ser...
A ordem lógica do conhecer é o algoz.
Da ordem lógica do Ser...
O meu humano conhecer é uma válvula de redução
Do teu divino Ser...
Conheço-te consoante a minha pequenez,
E não segundo a tua grandeza...
O teu Infinito está finitamente
No meu finito,
E em todos os finitos...
O teu Monismo único aparece como Pluralismo múltiplo
Coado através do prisma do meu conhecimento...
Tu, o Brahman Uno e Único,
Me apareces como Maya plural e múltiplo...
Tu, o UNO em tua Essência, te revelas
Como VERSO em tuas Existências,
Porque és o UNI-VERSO,
A Realidade Univérsica...


Huberto Rodhen

Do Livro
A Voz do Silêncio
Editora Alvorada


ºººº

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