9.11.11

SOBRE A IDEALIZAÇÃO DA SUA AUTO-IMAGEM - A MÁSCARA - Andromedalive - Maori Mojave



Quase todos nós crescemos acreditando que não somos suficientemente bons para sermos amados pelo que somos. Por isso , procuramos desesperadamente igualar-nos a uma imagem que criamos de como deveríamos ser. O esforço contínuo para sustentar essa versão idealizada é responsável por grande parte dos nossos problemas. Assim sendo , é importante que você descubra sobre quais bases construiu sua imagem idealizada e como ela deu origem ao sofrimento e à frustração em sua vida. Você perceberá que o resultado dessa imagem foi exatamente o oposto do que você esperava. Esta descoberta pode ser dolorosa , mas lhe possibilitará reavaliar sua postura frente ao mundo e o ajudará a tornar-se o seu verdadeiro Eu , sem tensões.

O EU SUPERIOR , O EU INFERIOR E A MÁSCARA
Num esforço para compreender melhor a natureza humana , imagine-a representada por três esferas concêntricas. A esfera central , o núcleo mais interior , é o Eu Superior , que faz parte da inteligência e do Amor universal que permeia a vida ; em suma , o Criador. É a centelha divina. O Eu Superior é livre , espontâneo , criativo , amoroso , generoso , onisciente e capaz de alegria e felicidade infinitas. Você sempre pode entrar em contato com ele quando está na verdade , quando dá de coração e por meio da meditação e da oração.
A camada que recobre o Eu divino é o mundo oculto de egocentricidade que denominamos eu inferior. Esta é a sua parte não desenvolvida , que ainda contém emoções negativas , pensamentos negativos e impulsos como medo , ódio e crueldade.
A camada mais externa , que as pessoas utilizam como um escudo protetor para encobrir o eu inferior e muitas vezes também o seu Eu Superior , é a máscara ou auto-imagem idealizada.
Cada um desses níveis de consciência contém muitos graus e estágios. O modo como se sobrepõem , se neutralizam e se emaranham , bem como seus efeitos colaterais e reações em cadeia , precisa ser pesquisado e compreendido. Neste caminho , você se dedica a esse trabalho de pesquisa. Todos esses aspectos da personalidade podem ser conscientes ou inconscientes em graus diversos. Quanto mais inconsciente você estiver de algum deles , maior conflito haverá em sua vida e menos vocês estará preparado para lidar com os desafios que surgem em sua jornada. Se sua consciência for turva , ela reduzirá a velocidade do processo de transformação , processo esse que tem por objetivo integrar o seu inferior e a sua máscara ao seu Centro divino.
É sobre a máscara , ou auto-imagem idealizada , que desejo falar neste artigo.
O sofrimento da experiência humana , e tem seu início com o nascimento. Embora as experiências dolorosas sejam inevitavelmente seguidas por vivências prazerosas , o conhecimento e o medo do sofrimento estão sempre presentes. A contramedida mais significativa a que as pessoas recorrem , na falsa crença de que ludibriarão a infelicidade , o sofrimento e mesmo a morte , é a criação de uma auto-imagem idealizada como uma pseudoproteção universal. Supõe-se que essa auto-imagem seja um meio de evitar a infelicidade. A infelicidade , a insegurança e a falta de fé em si mesmo estão interligadas. Simulando o que não somos , isto é , criando uma auto-imagem idealizada , esperamos restabelecer a felicidade , a segurança e a autoconfiança.
Na verdade e na realidade , autoconfiança verdadeira é paz de espírito. É segurança e independência sadia e possibilita que alcancemos um máximo de felicidade através do desenvolvimento das potencialidades inerentes a cada um , que vivamos uma vida construtiva e que estabeleçamos relações humanas frutíferas. Mas , como a autoconfiança estabelecida através da auto-imagem idealizada é artificial , o resultado não pode ser o que se esperava. De fato , a conseqüência é exatamente o extremo oposto , e frustrante , porque causa e efeito não são para você coisas óbvias.
Você precisa apreender e captar o significado , os efeitos , os danos e os elos existentes entre a sua infelicidade e a sua auto-imagem idealizada , e reconhecer plenamente de que modo específico ela se manifesta no seu caso individual. Muito trabalho é necessário para descobrir isso. O único modo possível de encontrar o seu Eu verdadeiro , de chegar à serenidade e ao respeito de si mesmo e de viver sua vida plenamente é proceder à dissolução da auto-imagem idealizada.

MEDO DO SOFRIMENTO E DO CASTIGO
Independentemente de suas circunstâncias específicas , quando criança você foi doutrinado com recomendações sobre a importância de ser bom , de ser santo e perfeito. Quase toda vez que seu comportamento não correspondia a essa diretriz , de uma forma ou de outra você era castigado. É muito possível que o pior castigo tenha sido o de seus pais lhe negarem afeto ; eles se enraiveciam e você tinha a impressão de que não o amavam mais. Não admira que “maldade” fosse , então , associada com castigo e infelicidade , e “bondade” , com recompensa e felicidade. Daí que ser “bom” e “perfeito” se tornou um dever absoluto , uma questão de vida ou morte. Ainda assim , você sabia perfeitamente bem que não era tão bom e tão perfeito como o mundo parecia esperar que você fosse. E isto precisava ser escondido ; tornou-se uma culpa secreta , e você começou a construir um falso eu. Este , pensava você , seria a sua proteção , o seu meio de alcançar o que desejava desesperadamente – vida , felicidade , segurança , autoconfiança. A consciência dessa aparência falsa começou a se desvanecer , mas você estava e está permanentemente traspassado pela culpa de fingir ser o que não é. Você se empenha cada vez mais para se tornar esse falso eu , esse eu idealizado. Você estava , e inconscientemente ainda está , convencido de que se se esforçar o bastante , algum dia você será esse eu. Mas através dessa tentativa artificial de comprimir-se dentro de algo que não é , você jamais chegará ao auto-aperfeiçoamento , à autopurificação e a um desenvolvimento autênticos. Você começou a construir um eu irreal sobre bases falsas e deixou de lado o seu verdadeiro Eu. Na verdade , você está escondendo isso desesperadamente.

A MÁSCARA MORAL DO EU IDEALIZADO
A auto-imagem idealizada pode assumir muitas formas. Ela nem sempre dita padrões de perfeição geralmente aceitos. Muitas vezes , a auto-imagem idealizada impõe altos padrões morais , fazendo com que seja ainda mais difícil questionar sua validade : “Não é certo querer ser sempre decente , afetuoso , compreensivo ? Não é certo procurar não ter raiva , não cometer faltas , mas tentar alcançar a perfeição ? Não é difícil você perceber a atitude compulsiva que nega a imperfeição presente , como o orgulho e a falta de humildade , que o impedem de aceitar-se como é agora. Isso inclui a simulação e a vergonha que acompanham esse estado de imperfeição , o medo de expor-se , o disfarce , a tensão , o esforço , a culpa e a ansiedade. É necessário certo avanço nesse trabalho antes de você começar a experimentar a diferença no sentir entre o desejo autêntico de trabalhar gradualmente para o desenvolvimento e a falsa pretensão imposta pelos ditames do seu eu idealizado. Você descobrirá o medo profundamente secreto que sussurra que seu mundo terminará se você não viver conforme seus padrões. Você sentirá e conhecerá muitos outros aspectos e diferenças entre o eu autêntico e o não-autêntico. E descobrirá também o que o seu eu idealizado individual reclama.
Dependendo da personalidade , das condições de vida e das influências iniciais , existem também facetas do eu idealizado que não são e não podem ser consideradas boas , éticas ou morais. Tendências agressivas , hostis, arrogantes e ambiciosas são exaltadas ou idealizadas. É verdade que essas tendências negativas existem por trás de todas as auto-imagens idealizadas. Mas elas estão escondidas , e porque contradizem grosseiramente os padrões moralmente elevados do eu idealizado particular , provocam maior ansiedade de que o eu idealizado seja exposto pela fraude que é. A pessoa que enaltece tais tendências negativas , acreditando que se constituem em prova de força e independência , de superioridade e distanciamento , ficaria profundamente desconcertada com a espécie de bondade que o eu idealizado de outra pessoa usa como fachada , e a consideraria fraqueza , vulnerabilidade e dependência num sentido malsão. Uma pessoa assim subestima inteiramente o fato de que nada torna alguém tão vulnerável quanto o orgulho ; nada desperta tanto medo.
Na maioria dos casos , existe uma combinação dessas duas tendências : padrões morais superexigentes impossíveis de seguir e orgulho de ser invulnerável , distante e superior. A coexistência desses dois modos mutuamente excludentes apresenta um contratempo particular para a psique. Desnecessário dizer , a percepção consciente desta contradição não acontece até que este trabalho esteja bem adiantado.
Há muitas facetas mais , possibilidades e pseudo-soluções individuais que combinam todos os tipos de comportamento mutuamente excludentes. Tudo isso precisa ser descoberto individualmente.
Vamos agora comentar alguns efeitos gerais e algumas implicações da existência do eu idealizado. Uma vez que é impossível cumprir os padrões e ditames do eu idealizado , você nunca abandona a tentativa de mantê-los e cultiva dentro de si uma tirania da pior espécie. Você não se dá conta de que é impossível ser tão perfeito quanto seu eu idealizado exige , e por isso passa o tempo se flagelando , se castigando e se sentindo um fracasso total sempre que fica patente que não consegue corresponder às suas exigências. Uma sensação de inutilidade desprezível se abate sobre você e o envolve em estado de miséria quando não consegue atender essas exigências fantásticas. Às vezes esse estado de miséria é consciente , mas , na maioria das vezes , não é. Mesmo que o seja , você não percebe o significado todo , a impossibilidade do que você espera de si mesmo. Quando tenta esconder suas reações a seu próprio “fracasso” , você adota meios especiais para não vê-lo. Um dos expedientes mais comuns é projetar a culpa do seu “fracasso” no mundo , nos outros , na vida.
Quanto mais você tentar se identificar com sua auto-imagem idealizada , maior será seu desencanto toda vez que a vida o puser diante de uma situação em que esse disfarce não pode ser mantido. Muitas crises pessoais originam-se nesse dilema , mais do que em problemas de ordem externa. Essas dificuldades tornam-se então uma ameaça a mais , além de sua dificuldade objetiva. A existência de problemas e de dificuldades é uma prova de que você não é o seu eu idealizado , e isso lhe retira a autoconfiança falsa que procurou assumir com a criação do eu idealizado. Há tipos de personalidade que sabem muito bem que não podem identificar-se com seu eu idealizado. Mas não sabem isso de uma maneira sadia. Desesperam. Acreditam que deveriam ser capazes de corresponder a essas imposições. Toda a sua vida é permeada por uma sensação de fracasso , enquanto que o tipo comum das pessoas experimenta esse fracasso somente em níveis mais conscientes quando condições exteriores e interiores culminam em mostrar o fantasma do eu idealizado como realmente é : uma ilusão , uma dissimulação , uma desonestidade. Equivale a dizer : “Sei que sou imperfeito , mas faço de conta que sou perfeito.”
Não reconhecer essa desonestidade é relativamente fácil quando entra em ação o processo de racionalização pela consciência , pelos padrões e metas meritórios e pelo desejo de ser bom.

A ACEITAÇÃO DE SI MESMO
O desejo verdadeiro de melhorar leva a aceitar a própria personalidade como ela é neste momento. Se esta premissa básica for a principal força orientadora de sua motivação para a perfeição , qualquer descoberta daquilo que o impede de realizar seus ideais não o lançará na depressão , na ansiedade e na culpa , mas , antes , o fortalecerá. Você não terá necessidade de exagerar a “maldade” do comportamento detectado , nem se defenderá contra ele com a desculpa de que é problema dos outros , da vida ou do destino. Você adquirirá uma visão objetiva de si mesmo com relação a isto , e essa visão o libertará. Você assumirá total responsabilidade pelas suas atitudes imperfeitas , desejoso de assumir as conseqüências sobre si mesmo. Ao dar expressão ao seu eu idealizado , não é outro seu temor senão esse , pois assumir a responsabilidade por suas deficiências equivale a dizer : “Não sou o meu eu idealizado.”

O TIRANO INTERIOR
Sentimentos de fracasso , de frustração e de compulsão , como também de culpa e de vergonha , são as indicações mais notórias de que seu eu idealizado está em atividade. Dentre todas as que permanecem ocultas , estas são emoções sentidas conscientemente. Na realidade , a base da tirania da auto-imagem idealizada é a sensação de falsa vergonha e de falsa culpa que essa imagem produz quando não se consegue atender suas exigências. Além disso , o eu idealizado também manifesta falsas necessidades , que são acrescentadas e criadas artificialmente , como a necessidade de glória , de triunfo , para satisfazer a vaidade ou o orgulho. A busca dessas necessidades nunca resulta em realização verdadeira.
O eu idealizado foi chamado à existência para alcançar a autoconfiança e, finalmente , por conseqüência , a felicidade , o prazer supremo. Quanto mais forte for a presença do eu idealizado mais a autoconfiança autêntica se desvanece. Como não consegue atender às exigências do eu idealizado , você se considera ainda mais inferior do que o fazia inicialmente. Portanto , é óbvio que a autoconfiança verdadeira só pode ser estabelecida quando você remove a superestrutura , que é o tirano cruel , seu eu idealizado.
Sim , você poderia ter autoconfiança se o eu idealizado fosse realmente você ; e se pudesse alcançar o seu modelo. Visto que isso é impossível e visto que , no fundo , você sabe muito bem que não é nada parecido com o que pensa que deve ser , você aumenta a insegurança com esse “supereu” , e um número maior de círculos viciosos aparece. A insegurança original , que presumivelmente desapareceu com a consolidação do eu idealizado , aumenta constantemente. Ela se transforma numa bola de neve , e se torna cada vez pior. Quanto mais inseguro você se sente , mais rígidas se tornam as exigências da superestrutura ou eu idealizado , menos é capaz de satisfazê-las , e mais e mais inseguro se sente. É muito importante observar como esse círculo vicioso funciona. Mas isso não pode ser feito até que e a menos que você se torne plenamente consciente dos meios emaranhados , sutis e inconscientes sob os quais essa auto-imagem idealizada existe em seu caso particular. Pergunte a si mesmo em que áreas particulares ela se manifesta. Que causas e efeitos estão relacionados com ela ?

AFASTAMENTO DO VERDADEIRO EU
Outra conseqüência dramática desse problema é o afastamento sempre crescente em relação ao verdadeiro Eu. O eu idealizado é uma falsidade. É uma imitação rígida , construída artificialmente , de um ser humano vivo. Você pode revesti-lo com muitos aspectos do seu ser real , mas ele continuará sempre uma construção artificial. Quanto mais você investir suas energias , sua personalidade , suas categorias de pensamento , conceitos , idéias , e ideais nele , mais força você retirará do centro do seu ser , responsável único pelo crescimento. Este centro de seu ser é sua única parte , o eu real , que pode viver , desenvolver-se e ser. É a única parte que pode orientá-lo adequadamente. Somente ele funciona com todas suas capacidades. É flexível e intuitivo. Somente seus sentimentos são verdadeiros e válidos , mesmo se , por um momento , não estejam ainda plenamente na verdade e na realidade , na perfeição e na pureza. Mas os sentimentos do verdadeiro Eu funcionam em perfeição relativa pelo que você é agora. Quanto mais retira daquele centro vivo para investir no robô que criou , mais você se afasta do verdadeiro Eu e mais o enfraquece e empobrece.
No desenvolvimento deste trabalho , às vezes você se fez essa pergunta intrigante e assustadora : “Quem sou realmente ?” Este é o resultado da discrepância e da luta entre o verdadeiro Eu e o falso. Somente depois de responder a esta pergunta vital e profunda seu centro responderá e funcionará em sua capacidade plena ; só então sua intuição começará a operar plenamente ; só então você se tornará espontâneo , livre de toda compulsão , confiando em seus sentimentos porque terão uma oportunidade para amadurecer e desenvolver-se. Seus sentimentos se tornarão tão confiáveis quanto seu raciocínio e seu intelecto.
Tudo isso é a descoberta última do eu. Antes que isso aconteça , muitas barreiras precisam ser transpostas. A impressão que terá é a de que se trata de uma luta de vida ou morte. Você ainda acredita que precisa do eu idealizado para viver e ser feliz. Quando começar a acreditar que não é assim , você terá condições de abandonar a pseudodefesa que faz a manutenção e o cultivo do eu idealizado parecerem tão necessários. Quando compreender que a expectativa com relação ao eu idealizado era a de que resolvesse os problemas específicos da sua vida acima e além da sua necessidade de felicidade , de prazer e de segurança , você perceberá a conclusão errônea dessa teoria. À medida que avançar e reconhecer o malefício que o eu idealizado causou à sua vida , você se desfará dele pelo jugo que ele representa. Nenhuma convicção , teoria ou palavra que possa ouvir farão com que você o abandone ; apenas o reconhecimento do que especificamente você esperava que ele resolvesse e dos males que provocou e que continua provocando lhe permitirá dissolver essa que , de todas , é o protótipo das imagens.
Não é preciso dizer que você também deve reconhecer de modo muito particular e detalhado quais são as exigências e os padrões específicos do seu eu idealizado ; além disso , deve perceber a insensatez e a impossibilidade dessas exigências e padrões. Quando acometido por um sentimento de ansiedade aguda e de depressão , leve em conta o fato de que seu eu idealizado pode estar se sentindo questionado e ameaçado , quer por suas próprias limitações , quer pelos outros ou pela vida. Perceba o autodesprezo que subjaz à ansiedade ou à depressão. Quando está compulsivamente irritado com os outros , considere a possibilidade de que isso não passa de uma exteriorização de sua raiva contra si mesmo por não alcançar os padrões do seu falso eu. Não deixe que ele fuja usando a desculpa de problemas externos responsáveis por depressão aguda ou por medo. Considere a questão sob esse novo ângulo. Seu trabalho pessoal o ajudará nessa direção , mas é quase impossível realizá-lo sozinho. Somente depois de progredir substancialmente é que você reconhecerá que muitos desses problemas externos são conseqüências diretas ou indiretas da discrepância que existe entre suas capacidades e os padrões do seu eu idealizado e do modo como você lida com esse conflito.
Assim , à medida que prosseguir nessa fase específica do trabalho , você compreenderá a natureza exata do seu eu idealizado : suas exigências e solicitações imperiosas são no sentido de você e outros manterem a ilusão. Ao perceber plenamente que o elogiável para você , na verdade , é orgulho e pretensão , você terá alcançado a percepção intuitiva mais substancial que lhe possibilita enfraquecer o impacto do eu idealizado. Então , e somente então , você se dará conta da tremenda autopunição que impõe a si mesmo. Porque quando você fracassa , como fatalmente acontece sempre , você se sente tão impaciente , tão irritado , que seus sentimentos podem tornar-se uma bola de neve de fúria e cólera contra si mesmo. Esta fúria e cólera em geral são projetadas nos outros porque é absolutamente insuportável estar consciente do próprio ódio nutrido contra si mesmo , a menos que a pessoa desdobre esse processo todo e o veja por inteiro , à luz. Entretanto , mesmo que esse ódio seja descarregado sobre os outros , o efeito sobre o eu ainda permanece aí e pode provocar doenças , acidentes , perdas e fracassos exteriores sob as mais variadas formas.

A RENÚNCIA AO EU IDEALIZADO
Ao dar os primeiros passos na direção da renúncia ao eu idealizado , você terá uma sensação de liberdade como nunca antes. Então você terá verdadeiramente renascido. Seu Eu verdadeiro emergirá. Você tomará assento no âmago do ser verdadeiro Eu. Você , então , crescerá realmente , não somente nas partes mais externas que podem não ter sido subjugadas pela ditadura do eu idealizado , mas em cada parte do seu ser. Isso desencadeará a mudança de muitas coisas. Em primeiro lugar , surgirão alterações em suas reações com respeito à vida , aos acontecimentos , a si mesmo e aos outros. Essas reações serão de fato surpreendentes , mas , pouco a pouco , as coisas externas , com certeza , também mudarão. Suas atitudes , agora diferentes , terão novos efeitos. A superação do seu eu idealizado significa a superação de um importante aspecto da dualidade entre a vida e a morte.
No momento , você não está sequer consciente da pressão do seu eu idealizado , da vergonha , da humilhação , do abandono que teme e às vezes sente , da tensão , da pressão e da compaixão. Se você tiver uma percepção rápida de tais emoções , você ainda não as relacionará com as exigências fantasiosas do seu eu idealizado. É só depois de perceber plenamente essas expectativas fantasiosas e seus imperativos , muitas vezes contraditórios , que você será capaz de se desfazer deles. A incoativa liberdade interior assim obtida permitirá que você passe a relacionar-se e a dar-se bem com a vida. Você não precisará mais agarrar-se freneticamente ao eu idealizado. A simples atividade interior de aferrar-se com tanta veemência gera um clima impregnante de prender-se a tudo de maneira geral. Às vezes isto se manifesta em atitudes externas , mas via de regra é uma característica ou atitude interior. À medida que prosseguir nessa nova fase do trabalho , você sentirá esse aperto interior e irá paulatinamente reconhecendo o malefício básico que ele causa. Ele impossibilita a atitude de renúncia diante de muitas coisas. Ele torna desmedidamente difícil passar por mudanças que permitiriam que a vida lhe proporcionasse satisfação e um espírito de vitalidade. Você fica preso em si mesmo e, por assim agir , vai contra a vida num dos seus aspectos mais fundamentais.
Palavras são insuficientes ; você precisa , muito mais , sentir o que estou querendo dizer. Quando tiver enfraquecido o seu eu idealizado pela compreensão plena da sua função , de suas causas e de seus efeitos , então você terá alcançado a verdadeira compreensão das coisas. Será o momento de conquistar a grande liberdade de entregar-se à vida porque não existirá mais a necessidade de esconder o que quer que seja de si mesmo e dos outros. Você será capaz de entregar-se incondicionalmente à vida , não de modo doentio e irracional , mas de modo sadio à semelhança da própria natureza que se entrega sem medida. Então , e somente então , você conhecerá a beleza da vida.
Você não pode abordar esta parte essencial do seu trabalho interior com um conceito geral. Como de costume , suas reações diárias mais insignificantes , consideradas deste ponto de vista , produzirão os resultados necessários. Por isso , continue a busca de si tomando por base essas novas considerações e não seja impaciente se o processo exigir tempo e esforço sem tensão.

A VOLTA PARA CASA
Uma palavra a mais : em geral , a diferença entre o Eu verdadeiro e o idealizado não é uma questão de quantidade , mas de qualidade , isto é , a motivação original de ambos é diferente. Não é fácil perceber isso , mas à medida que você reconhece as exigências , as contradições , as sequências de causa e efeito , a diferença de motivação gradualmente se tornará clara. Outra observação importante é relativa ao elemento tempo. O eu idealizado quer ser perfeito , de acordo com suas exigências específicas , agora , neste exato momento. O verdadeiro Eu sabe que não pode ser assim e não julga a situação angustiosa.
É claro que você não é perfeito. Seu eu atual é um complexo de tudo o que você é no momento. É claro que você tem sua egocentricidade básica , mas se você a admitir , pode enfrentá-la. Você pode aprender a compreendê-la e portanto a diminuí-la com cada nova percepção. Você então experimentará realmente a verdade de que quanto mais egocêntrico você for , menos autoconfiante será. O eu idealizado acredita exatamente no contrário. Suas exigências de perfeição são motivadas por razões puramente egocêntricas , e esta mesma egocentricidade inviabiliza a autoconfiança.
A grande liberdade de voltar para casa , é encontrar o caminho do retorno para o Eu verdadeiro. A expressão “ volta para casa “ tem sido usada muitas vezes na literatura espiritual e nos ensinamentos , mas frequentemente foi muito mal compreendida. Muitas vezes é interpretada como significando o retorno ao mundo do espírito depois da morte física. “ A volta para a casa “, porém , significa muito mais do que isso. Você pode padecer muitas mortes , ter uma vida terrena após outra , mas se não tiver encontrado seu verdadeiro Eu , não poderá retornar para casa. Você pode estar perdido e continuar perdido até encontrar o caminho para o centro do seu ser. Por outro lado , pode encontrar o caminho para a casa exatamente aqui e agora enquanto ainda permanece no corpo. Quando reunir coragem para tornar-se o seu verdadeiro Eu , você descobrirá que ele é muito superior ao seu eu idealizado , embora inicialmente lhe possa parecer o contrário. Então você sentirá a paz de estar em casa dentro de si mesmo. Então você encontrará segurança. Então você operará como um ser humano completo. Então você terá quebrado a chibata de aço de uma capataz a quem é impossível obedecer. Então você saberá o que paz e segurança realmente significam. Você cessará de uma vez por todas de procurá-las através de meios falsos.
De nada estes ensinamentos ajudarão, se apenas você tiver o entendimento apenas teórico disto que expomos acima. É necessário que se vivencie sinceramente tudo isto para chegar ao conhecimento real , espiritual de tudo o que dissemos.

SHAUMBRA e NAMASTÊ !!! 
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